domingo, 3 de abril de 2011

A SOMBRA DAS PIRÂMIDES


"Certo dia, cerca do fim do século VI a.C. ou início do V, homens armados da Média e da Lídia encontravam-se agrupados frente a frente no vale de Ali, preparados para a batalha que deveria decidir a sorte de toda a Ásia Menor.
Mas antes que o sinal do início da batalha fosse dado pelos estrategistas dos dois exércitos, o Sol escureceu repentinamente diante dos olhos estupefactos e aterrorizados dos soldados e dos oficiais. Fez-se noite cerrada. No negro profundo do céu apareceram as estrelas.
Os chefes dos dois exércitos consultaram rapidamente os seus homens de confiança. Não houve dúvidas. Segundo os preceitos mágico- religiosos daquele tempo, não se podia combater sem a luz do dia. Iniciar uma batalha ou aceitar entrar nela sob as estrelas era considerado o maior dos pecados. Só restava propor e aceitar uma trégua. A batalha não se travou." Já compreendeu que o fenômeno que sucedeu foi um eclipse.
Um extraordinário fenômeno, não para nós que vivemos em plena era científica, mas para aqueles incrédulos homens armados da Média e da Lídia. Houve uma só exceção, um dos maiores gênios da Antigüidade: Tales de Mileto.
Ele previra com exatidão cronométrica o que ia suceder, o escurecimento do sol e o aparecimento repentino da noite. Infelizmente, sabemos pouco acerca dos sistemas que Tales de Mileto empregava para as suas determinações astronômicas.
Conta-se que, em criança, na companhia destes sábios, pôde ver de perto a grande pirâmide de Quéope. "Que altura pensas que tem?", perguntou-lhe um dos sacerdotes. Tales deitou-se por terra e fez dois sinais na areia: um com a cabeça, outro com a ponta dos pés. Depois levantou-se e traçou uma linha reta entre os dois riscos. "Agora vou pôr-me em pé numa extremidade desta linha que mede exatamente o mesmo que eu e vou esperar até que a minha sombra meça outro tanto. Nesse mesmo instante, também a sombra da pirâmide terá o mesmo comprimento da altura do edifício. Se querem que vos meça a altura da pirâmide a qualquer hora do dia, por exemplo agora , posso espetar um pau na terra. Vejam: neste momento o comprimento da sombra é cerca de metade da altura do pau. Por isso, também o comprimento da sombra da pirâmide corresponde a metade da altura dessa construção. Basta comparar o comprimento do pau com o da sombra para de imediato se saber a altura desta última."
Tales de Mileto, que espantara os egípcio demonstrando-lhes a possibilidade de medir a pirâmide de Quéope pela simples contagem dos seus próprios passos sobre a sombra desenhada pelo sol na areia, demonstrara que sabia ir bem mais além.
Bastava-lhe um "ângulo de mira" e o conhecimento da altura do mar no ponto em que se encontrava em observação para avaliar exatamente a distância a que se encontravam os navios ao largo de um porto e, portanto, a sua velocidade de afastamento ou de aproximação, assim como para determinar o tempo necessário para que desaparecessem no horizonte ou atracassem no cais. Mais tarde Pitágoras generalizou este fenômeno e traduzindo-o no famoso Teorema de Pitágoras.

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